Entenda como a intolerância, inserida no nosso cotidiano, pode afetar significativamente a vida de pessoas com doenças mentais
Antes de mais nada, você já deve ter presenciado situações de hostilidade com pessoas portadoras de problemas mentais, não é mesmo? O estigma relacionado com a doença mental vem do medo do desconhecido e da falta de informação.
No artigo de hoje, abordaremos os estigmas que a sociedade compartilha a respeito das medicações psiquiátricas. Acompanhe!
De onde vem este estigma com a doença mental?
Inicialmente, para entender esse preconceito, precisamos voltar lá atrás e considerar essa questão historicamente. Como era o tratamento destinado, no passado, às pessoas em condições psiquiátricas?
Antes do advento da psiquiatria, essas pessoas eram aprisionadas junto com prisioneiros. Eram identificadas como sendo do mesmo grupo que os dos psicopatas, assassinos e outros. A loucura era associada ao comportamento agressivo.
Além disso, a psiquiatria contribuiu com esse estigma, ao conseguir dissociar o grupo de portadores de doenças psiquiátricas do grupo de criminosos, houve uma tentativa rudimentar de tratamento no início do século XIX, se valendo dos manicômios. As pessoas que tinham transtornos psiquiátricos graves eram internadas nesses lugares e submetidas a tratamentos experimentais — onde era usado até mesmo eletrochoque como forma punitiva. Isso, sem dúvidas, contribuiu para reforçar a sensação de amedrontamento.
Outro ponto a ser considerado é o medo do desconhecido quanto a condição psíquica da outra pessoa. A imprevisibilidade no comportamento desses doentes psiquiátricos gera insegurança. A naturalidade nas interações é prejudicada. A doença é encarada como forma de ‘possessão’ e torna o indivíduo um risco.
Que tipos de consequências esses estigmas causam ao paciente?
A primeira e mais frequente é a dificuldade em aceitar que há uma doença. O indivíduo com sofrimento precisa ter noção de que está doente, e essa percepção vem de três premissas importantes e intuitivas: Há um sofrimento psíquico grande; o indivíduo não está achando formas de superar esse sofrimento, não encontra meios de resolver por conta própria; e um sofrimento proporciona uma disfunção, atrapalhando a rotina diária, incapacitando a realização de tarefas cotidianas como atividades familiares, conjugais, de trabalho, de lazer ou autocuidado.
No entanto, por conta do estigma, o indivíduo não assume a sua doença, porque tem medo de ser portador de um transtorno psiquiátrico e, assim, passa a rejeitar o tratamento e medicações.
Outra questão é o efeito de se nomear e ser dado como um paciente psiquiátrico. Estar doente não significa estar ‘fora de si’. Mas pode ser erroneamente interpretado como tal.
A consequência de ser nomeada como doente psiquiátrico é que a pessoa pode não ser levada a sério, suas opiniões podem ser desconsideradas e sua autonomia, prejudicada — passando a uma condição de dependência e infantilização. É comum que pessoas que sofrem esse tipo de hostilidade sintam insegurança quanto à compreensão de mundo e construção de convicções.
Quais são os tipos de doenças mentais mais comuns?
Em suma, as doenças mentais mais comuns são o estresse, chamado de transtorno adaptativo e o transtorno de estresse pós-traumático; transtorno de ansiedade generalizada; transtorno depressivo; transtorno do humor bipolar; quadros de esquizofrenia; transtorno obsessivo-compulsivo; transtorno delirante persistente; transtornos alimentares; transtorno de impulso; transtornos de personalidade.
Por que ainda é um tabu o uso de medicamentos psiquiátricos?
Foi criado na mente da sociedade que uma pessoa diagnosticada com uma doença psiquiátrica é “louca”. Mas isso não é verdade. Um paciente psiquiátrico apenas tem um sofrimento psíquico que não consegue resolver sozinho e, então, busca orientação especializada e medicamentos para tratar esse problema.
Há ainda outro tabu relacionado ao uso de medicamentos: a pessoa que precisa desse suporte, é encarada como fraca psiquicamente. No entanto, não é sobre força ou vício psíquico. A intensidade de sofrimento que o indivíduo aguenta não demanda “força”, mas sim assertividade em manejar dificuldades e solucioná-las.
Outro ponto importante a considerar é o pensamento de que a indústria farmacêutica está se beneficiando das pessoas com medicamentos que não fazem efeito. Porém, trabalhos científicos ratificam a eficácia do tratamento medicamentoso.
Por último, o preconceito cultural que há em torno dos remédios, onde, em muitos casos, toda a cadeia de produção e validação do medicamento é posta de lado para que as pessoas escolham outras vias de tratamento, também é uma razão que reforça o tabu quanto ao uso dos remédios psiquiátricos.
De que forma estes medicamentos podem afetar o nosso organismo?
Antes de mais nada, é importante ressaltar que todo medicamento indicado pelo especialista passa por um procedimento minucioso, com testes frequentes, até chegar ao produto final e a autorização necessária para ser utilizado de forma segura pela sociedade.
No caso das medicações psiquiátricas, quando comparadas aos outros tipos de remédios, elas têm um efeito colateral pronunciado que afeta em média 1 a 5% dos pacientes. Essas reações adversas podem ser divididas em perenes — contínuas e requerem uma nova abordagem de tratamento — ou os de início ou mudança de doses — esses sintomas se manifestam durante um período de até 2 meses, quando o corpo assimila e se adapta a esta medicação.
Pessoas com doenças psiquiátricas e que recebem medicamentos psiquiátricos podem perder o controle a qualquer momento?
Justamente porque são pacientes psiquiátricos, há um sofrimento que pode aumentar ou diminuir a depender das interações do indivíduo. A imprevisibilidade faz parte disso, mas o uso de medicações tem o objetivo de não só diminuir os sintomas, mas também controlar esses impulsos.
Quais são os mitos mais comuns que envolvem os estigmas de doenças mentais e medicamentos psiquiátricos?
O preconceito cultural é o mito mais frequente: as pessoas preferem ser favoráveis a drogas ilícitas ao invés de medicamentos controlados e indicados pelo psiquiatra.
Além disso, há o mito de que as medicações fazem o controle social — o sofrimento que acomete a pessoa auxiliaria na ação de mudança da estrutura deste sistema social.
Mas em ambos os casos, quem sofre e quem precisa de ajuda, levado por mitos e preconceitos, se distancia de um tratamento adequado e da remissão do sofrimento patológico. A consequência mais frequente é piora do quadro com até desenvolvimento de novas patologias.
Não deixe que estes transtornos afetem a sua vida, de modo a privar o seu bem-estar. Conte com a Clínica Dr. Nikolas Heine! Agende seu horário e receba todo suporte necessário para manter sua qualidade de vida. Deixe o preconceito de lado e pratique o autocuidado!